Economia

Portugueses ”travam a fundo” no lazer e restaurantes

 
Os tempos mais difíceis levaram as famílias portuguesas a adotar novos comportamentos e formas mais regradas de gerir o orçamento familiar.

 
De acordo com os dados do INE recentemente divulgados, os portugueses “travaram a fundo” nos gastos com restaurantes e lazer e gastam mais com casa e educação.
 
Os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que, primeira vez em muito tempo, as famílias travaram a fundo nas despesas. Ter uma casa custa cada vez mais caro e as despesas com educação também são uma preocupação constante.
 
Com outras opções para gastar o orçamento familiar, as famílias estão a reduzir os custos com lazer e restaurantes.
 
Segundo o INE, na última década (2006 a 2016), as famílias portuguesas cortaram em restaurantes, hotéis, cultura e lazer para conseguir aguentar a subida vertiginosa das despesas com habitação, água, luz e gás e com o ensino. Nos últimos cinco anos, período marcado pelo ajustamento da troika, esse movimento de substituição é ainda mais evidente. Os portugueses tiveram de cortar ainda mais a fundo de modo a conseguir manter a casa e os mínimos de conforto doméstico.
 
De acordo com dados definitivos do Inquérito às Despesas das Famílias 2015-2016, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), entre 2006 (antes de começar a crise) e 2016 a despesa total anual média (por família) aumentou 16%, para 20 363 euros anuais. No entanto, manter uma casa tornou-se muito mais dispendioso. Este custo disparou 39% na década em análise (9% nos anos da troika e até 2015), estando atualmente em cerca de 6500 euros anuais.
 
Dá conta o mesmo instituto que, o custo com a casa e os respetivos consumos fixos foi a parcela mais pesada nos orçamentos familiares, mas nos últimos anos a sua importância ampliou-se. A casa, que no início do milénio (2000) pesava apenas 20% na despesa total média, vale agora quase um terço.
 
O INE refere que, as três principais componentes da despesa das famílias (habitação, alimentação e transportes) concentram 60,3% da despesa total anual média das famílias residentes em Portugal em 2015-2016, ou seja, mais 3,3 pontos percentuais (p.p.) relativamente ao início da década (57%).
 
Com mais sobrecarga também no que se refere aos custos com educação, os portugueses acabam por reduzir as atividades de lazer e as saídas para ir a um restaurante, como forma de poupança.
 
Na base desta necessidade está a perda de poder de compra, bem como o aumento do custo de vida e o desemprego.