Sociedade

Porque é tão difícil adquirir hábitos de vida saudáveis?

 
Adquirir hábitos de vida saudáveis não é uma tarefa fácil, mesmo que todos saibamos a sua importância, mas porquê?

A explicação dos especialistas é simples: amente humana não gosta de mudanças porque estas implicam um grande gasto de energia. Assim, é preferível permanecer com os hábitos que já se conhece e evitar ter todo esse trabalho. A mente humana deseja que tudo permaneça estável, previsível e controlado, pelo que, tudo o que implique mudanças não é bem acolhido.
 
É por essa razão que, o ser humano tende a fugir das mudanças e a optar por fazer sempre o mesmo. Uma alteração só ocorre quando há um motivo muito forte que a obrigue.
 
Segundo os especialistas, um hábito é um comportamento que se repete de forma sistemática. Muitas das nossas ações são reforçadas e internalizadas de tal forma que passam a constituir um hábito de vida que, naturalmente é difícil de alterar porque passa a fazer parte das nossas rotinas. É por essa razão que sabemos que é saudável beber mais de 2l de água por dia e, ainda assim, resistimos, é o que justifica sabermos que o exercício físico faz bem à saúde e, mesmo assim, não o praticamos e daí por diante. Os hábitos passam a comportamentos automáticos e permitem que a mente não precise de se esforçar, o que de certa forma se compreende, pois implica um menor gasto de energia, no entanto, é preciso saber como se pode contornar esta situação para efetivamente poder incluir alguns hábitos de vida saudáveis.
 
Segundo a revista Melhor com Saúde, aqui estão os motivos pelos quais é tão difícil incluir novos hábitos nas nossas rotinas:
 
1. Porque nos  focamos nos resultados
 
Na maioria dos objetivos a que nos propomos, focamo-nos nos resultados, ou seja, nas metas: perder peso, ganhar massa muscular, obter uma silhueta perfeita, só consumir produtos saudáveis, entre outros.
 
Iniciar o processo de incorporação de um hábito saudável enfatizando o que queremos alcançar geralmente gera o efeito contrário, pois embora seja possível alcançá-lo por meio de diferentes estratégias que tendem a ser restritivas -como dietas de descida rápida- ou excessivas, -como o esforço excessivo da atividade física – é realmente complexo sustentá-lo a longo prazo.
 
Quando nos focamos nos resultados, é mais provável que geremos um efeito contrário, pelo que recuperamos o peso ou até o aumentamos, deixamos de praticar exercício e daí por diante.
 
No seu livro Atomic Habits, James Clear afirma que, “A alternativa adequada é construir hábitos baseados em mudanças de identidade. Com essa abordagem, começamos por focar-nos em quem nos  queremos  tornar.”
 
2. Porque as nossas crenças não nos deixam
 
Todos nós carregamos um sistema de crenças que supomos ser verdade na maioria dos nossos processos cognitivos. São as suposições que nos  orientam o comportamento, que podem capacitar-nos para atingir objetivos ou podem limitar-nos e funcionar como obstáculos. O que fazemos reflete quem pensamos que somos.
 
Segundo Maxwell Maltz, “O ser humano age, sente e desenvolve-se sempre de acordo com o que imagina ser verdade sobre si mesmo e sobre o ambiente que  o rodeia. Agimos e sentimos não de acordo com a realidade, mas com a imagem que formamos dela. Os hábitos, sejam positivos ou negativos, são formados da mesma maneira”.  Assim, se alguém incutiu que é um bom atleta, certamente que terá mais facilidade em manter esse hábito ao longo da vida. Se, pelo contrário, alguém incutiu que não é bom para o desporto, terá muito mais dificuldades em adquirir o hábito de praticar algum tipo de exercício físico.
 
Neste sentido, é fundamental que se faça um trabalho interior para que possamos questionar as nossas crenças e reconstruir o diálogo interno. De acordo com os entendidos, esse é um caminho valioso «para incorporar novos comportamentos saudáveis e deixar para trás os prejudiciais».
 
Se acreditarmos que não somos capazes de fazer algo, teremos maior resistência à mudança e à novidade.
 
3.Porque perdemos a motivação
 
A nossa mente gosta do simples; mede muito a relação custo-benefício. Neste sentido, não alcançar resultados imediatos, mesmo com grande esforço, muitas vezes é significativamente desmotivador e uma das principais desculpas que encontramos para desistir. O que motiva as pessoas é atingir metas com o mínimo de esforço possível.
 
Para automatizar um comportamento, precisamos de repetição e tempo. Que melhor do que torná-lo fácil e atraente? Quando desenhamos um plano de ação simples, especificando como, quando e onde, é menos provável que percamos a motivação diante de uma situação adversa.
 
É mais provável consumir frutas se as tivermos numa cesta na mesa, ou beber mais líquidos se adquirirmos o hábito de levar uma garrafa na mochila ou se a tivermos na nossa mesa de trabalho.
 
Para construir um novo hábito saudável, temos de tornar a nossa vida mais fácil e agradável, para que o mesmo seja um prazer. Precisamos de planear antecipadamente a ação para que a possamos praticar no momento mais adequado. Se nos organizarmos para fazer exercício no final do dia, estamos sempre prontos para essa atividade quando chega à hora marcada, se decidirmos comer apenas um doce por semana, escolhemos o dia para esse momento que será muito agradável e saudável por ser o único em que podemos “deslizar”! Temos é de “mostrar” à nossa mente que esses novos hábitos são agradáveis e que nos dão prazer, pelo que é tudo uma questão de mentalização.
 
Com treino, persistência e sempre apostado numa melhor qualidade de vida, certamente que vai conseguir construir novos hábitos de vida, acredite e boa sorte. 
 
Fátima Fernandes