Sociedade

“Os maus conselhos” de amigos e familiares

 
Não é por acaso que se diz: “quando preciso de mudar alguma coisa, tenho de ir para um local onde ninguém me conhece”. É porque os amigos e a família, pelo seu grau de proximidade, confiança e intimidade, nem sempre respeitam uma posição diferente.

 
Nem sempre é de forma consciente, muito menos com intenção negativa, mas na realidade, a família e os amigos são sempre os primeiros a rejeitar uma alteração.
 
Se faz dieta, “é porque não precisa e se torna ‘uma seca’ lidar com uma pessoa condicionada em termos alimentares no verão”. 
 
Se precisa de fazer um tratamento “é porque estás a dar muita importância a uma situação que não justifica tanto alarido”, se não quer ir à praia nesse dia “é porque está com medo do sol que não faz mal a ninguém, nem nunca fez”, se quer ler um livro, “é porque está muito intelectual nas férias!”, se come é porque engorda, se não come é porque emagrece demais, se faz exercício é porque perde tempo, se não faz é porque está fora de moda e… ufa! Quando é que nos resta tempo para estarmos connosco próprios e tomarmos as nossas decisões?
 
Estes são pequenos exemplos do que custa ter uma opinião diferente do grupo, seja no verão ou em qualquer época do ano. 
 
Não quer dizer que os amigos e familiares não tenham uma opinião importante, mas temos de reconhecer que existe uma forte tendência para influenciar comportamentos e que nem sempre, esses conselhos são os mais indicados. 
 
Este problema aumenta em grupo, já que em conjunto as críticas e os conselhos funcionam como que uma “união de fações” contra um opositor, quem tem uma posição distinta.
 
Se por um lado, quem quer tomar uma decisão tem de o fazer com determinação e ser capaz de assumir esse desejo, por outro, quem está por perto deve assumir uma postura de respeito e, se possível até de apoio.
 
Vejamos uma pessoa que sofre de obesidade e que é constantemente convidada para comer ‘fast food’, gelados e outros doces… E o que dizer de um hipertenso que é convidado a ingerir alimentos altamente calóricos e salgados? E o que se ganha em desviar um doente com Diabetes da sua dieta? Tudo isto já para não falar no incentivo ao consumo de álcool e de outras drogas, encorajar os amigos para uma situação de perigo e daí por diante.
 
Claro que cada um de nós deve aprender a defender-se “das tentações” dos outros, mas todos sabemos que, num grupo é muito difícil afirmar uma posição diferente sem um afastamento. Assim, quem quer ser diferente, talvez tenha de reunir duas qualidades: ou saber dizer “não”, ou reservar-se ao direito de seguir a sua conduta de forma mais afastada das imposições do grupo.
 
Não seria tempo de reformular a nossa influência sobre os outros? Qual é o benefício de “empurrar” alguém para uma situação que lhe é prejudicial?
 
Vamos ter em conta estes dez pontos compilados por uma revista espanhola para melhorar o respeito que se deve ter perante uma dieta de alguém, mas que certamente se aplica a tudo na vida…
 
A revista espanhola Woman reforça dicas que nunca se devem dizer a uma pessoa que está de dieta, sob pena de a prejudicar…
 
1. Por um dia não faz mal que comer mais um pouco (ou mais um doce).
 
2. O que devias fazer é ‘…’ (e dar um conselho que implica quebrar o plano alimentar).
 
3. Agora que fazes dieta já podes vir correr comigo.
 
4. Come só a proteína.
 
5. Vem connosco a uma hamburgueria, existem lá saladas.
 
6. Isto não engorda, é caseiro.
 
7. Quantos quilos queres perder/ganhar?
 
8. E depois da dieta?
 
9. Antes da dieta era mais fácil sair contigo.
 
10. Disseram-me que determinada dieta é melhor do que essa.
 
Para não sentir este tipo de pressão, são muitas as pessoas que se desviam dos seus objetivos e que se prejudicam, pelo que o conselho é ser firme com a sua decisão e não permitir que alguém, mesmo que lhe seja muito próximo, o influencie negativamente. É caso para dizer: “Força”! Ás vezes mais vale não dizer o que se pensa e o que se sente ao grupo…
 
Fátima Fernandes