Dicas

O que se esconde atrás de uma pessoa ciumenta?

 
Comece por fazer a si mesmo as seguintes perguntas: “Tenho medo de perder a pessoa que amo?”, “Penso frequentemente que esta pessoa pode deixar-me e ir ter com alguém?”

Na posição dos especialistas em terapia de casal, o medo é uma das facetas do amor. «Quem ama teme a perda».
 
Partindo deste pressuposto, os entendidos na matéria lembram que, há diferentes formas de gerir esse medo interno da perda. No caso das pessoas ciumentas, esse temor leva-as» à loucura, estando atentas a cada passo do seu parceiro, monitorizando e controlando todas as suas ações, uma vez que, estão convictas de que, será dessa forma que vão impedir a partida de quem amam. Ao mesmo tempo, esse controle fá-las acreditar que, podem antever se vai existir algum tipo de infidelidade e, em caso afirmativo, impedi-la.
 
As pessoas ciumentas chegam ao ponto de imaginarem ameaças nos ambientes que o seu parceiro frequenta; sentem que pode ocorrer uma traição no trabalho, no grupo de amigos ou em qualquer lugar em que este participe, por essa razão, fazem questão de aparecer de surpresa para “marcarem o terreno” e para se certificarem de que nada se passa ou para averiguar se o parceiro ou parceira está mesmo no local que lhe disse.
 
Há pessoas que inclusivamente sentem ciúmes do passado do outro, chegando ao ponto de se irritarem com aquilo que descobrem desse tempo em que ainda nem se conheciam.
 
Os especialistas em terapia de casal identificam dois tipos de ciúmes: os obsessivos e os delirantes, sendo que, uma pessoa pode apresentar um ou ambos.
 
No que se refere aos ciúmes obsessivos, estes caracterizam-se pelos rituais de fiscalização e proibições ao parceiro, e possuem estes comportamentos:
 
a) Controlam as mensagens no email, no smartphone e em todas as redes sociais nas quais sabem que o parceiro possui uma conta.
 
b) Confrontam o parceiro sempre que duvidam de uma foto, mensagem ou ligação. Telefonam constantemente e, é comum que apareçam nos mais variados locais onde sabem que o outro está para ver se está com alguém e se, efetivamente está no sítio que lhe disse.
 
c) Proíbem todas e quaisquer expressões de cuidado com a imagem como sendo a maquilhagem, o uso de certas roupas, os cuidados com o corpo e daí por diante, uma vez que, os ciumentos acreditam que, se tratam de gestos que contribuem para a infidelidade.
 
Na mesma sequência, afastam os familiares porque pensam que estes podem saber de mensagens dos possíveis amantes.
Afastam os amigos do sexo oposto para prevenir uma infidelidade.
Alguns afastam amigos do mesmo sexo pensando que o/a seu parceiro/a pode ser homossexual.
 
Segundo os especialistas, é importante anotar que, com estes comportamentos de fiscalização, as pessoas ciumentas fazem aumentar muito mais os seus níveis de ansiedade, angústia, preocupação e desconfiança, sem esquecer o sofrimento emocional causado por pensamentos distorcidos deste tipo:
 
- Não se consideram suficientemente atraentes.
- Têm medo de ficar sozinhas.
- Sentem que qualquer pessoa pode ser melhor que elas e poderia roubar-lhes o amor do parceiro.
- Acumulam e projetam uma sensação de insegurança.
 
Relativamente aos ciúmes delirantes, os terapeutas de casal resumem-nos assim: «são caracterizados pelo facto de a pessoa ciumenta estar convencida da culpa do seu parceiro quando ainda tem poucos indícios». Deste modo, «os ciúmes existem em dose excessiva e autorreforçam-se, uma vez que, qualquer detalhe pode ser uma evidência de que os seus ciúmes são razoáveis, tornando-a numa pessoa cada vez mais possessiva.
 
A relação acaba por funcionar nestes moldes: a pessoa ciumenta adota uma atitude de vigilância e desconfiança, enquanto que a pessoa controlada adota atitudes de reserva e ressentimento. Ambos estão a sofrer e a “fortalecer” mutuamente o comportamento do outro. Em suma, o ciumento torna-se cada vez mais vigilante, e o seu parceiro cada vez mais reservado.
 
O ciumento arrepende-se de magoar o outro, no entanto, esse facto não impede que os seus ciúmes sejam ativados diante de qualquer estímulo. As cenas acabam, em muitos casos, com agressões sejam elas de caráter verbal, físico ou psicológico. Serenados os ânimos, a pessoa volta ao início e pede desculpa, num ciclo que se repete até que a vítima saia da relação.
 
A questão que se impõe é, será que uma pessoa ciumenta muda?
 
Segundo os mesmos entendidos na matéria, é um facto que estas pessoas podem mudar desde que façam uma terapia adequada. «As técnicas de terapia cognitivo-comportamental têm provado ser um dos melhores recursos para que essa mudança se concretize». Ao longo do processo, as pessoas ciumentas aprendem a confiar no outro, passam a acreditar mais em si mesmas e a considerar que o outro está ao seu lado porque gosta de si. Com esta tomada de consciência, a relação torna-se possível e a convivência a dois melhora significativamente, reforçam os mesmos especialistas.
 
Note-se que, após uma terapia orientada por um psicólogo, ocorre uma mudança positiva porque a pessoa passa a acreditar mais em si mesma e a encontrar dentro de si motivos para elevar a autoestima e, consequentemente, o amor que o outro tem por si. «Quando gostamos de nós próprios, torna-se muito mais fácil acreditar que temos virtudes que também podem agradar à pessoa que está ao nosso lado e, este é o desafio para se iniciar um tratamento adequado», sublinham os mesmos entendidos.