Gota

Aparentemente um problema de pouca expressão, a Gota constitui, no entanto um desconforto elevado para o organismo, sobretudo masculino, muito embora as mulheres também possam ser afectadas.

 
De um modo geral, a Gota caracteriza-se por um distúrbio no metabolismo do ácido úrico através do qual este se deposita em vários tecidos do organismo. 
 
É comum esse depósito em locais como as articulações e tendões, na forma de cristais de urato de sódio, provocando inflamação. 
 
Estes cristais formam-se quando os líquidos orgânicos desenvolvem uma alta concentração de urato de sódio que excede a solubilidade limitada do composto. Este aumento pode ser atribuído à formação ou diminuição da eliminação renal e, secundariamente, intestinal, podendo também ocorrer ambos os factores. 
 
Grupos de risco: 
 
Apesar da incidência ser maioritariamente masculina, uma vez que se situa praticamente nos 90%, é um facto que as mulheres também podem padecer desta patologia. 
 
Os homens são mais propensos à Gota em idades compreendidas entre os 40 e os 50 anos, sendo que no público feminino a prevalência pode ocorrer em regra 10 anos mais tarde. 
 
Os grupos de risco são pessoas obesas com um estilo de vida sedentário e, em consumidores de bebidas alcoólicas e bebidas gasosas, como a cerveja. Como já referimos acima, as mulheres raramente desenvolvem Gota antes da menopausa e geralmente têm mais de 60 anos de idade quando a desenvolvem. 
 
As crianças em regra estão praticamente fora deste grupo, bem como as mulheres com menos de 30 anos de idade. 
 
Sintomas: 
 
A Gota começa por se manifestar com crises cuja origem pode estar associada à ingestão de determinados alimentos, sobretudo os ricos em purina, sendo de destacar ainda a combinação dos mesmos com o consumo de álcool. 
 
As crises também podem ser precipitadas por traumatismos minor, por uma cirurgia, por fadiga, stress emocional ou outros distúrbios clínicos, tais como uma infecção. 
 
O paciente começa por sentir ataques recorrentes de artrite aguda, provocados pela precipitação, nos espaços articulares, de cristais de urato monossódico provenientes dos fluidos corporais hipersaturados. 
 
Em termos teóricos a dor em regra começa à noite e é intensa o suficiente para despertar o doente. Embora qualquer articulação possa ser afectada, mais de metade das crises iniciais atingem o hálux (dedo grande do pé) - aproximadamente 90% dos doentes com Gota. 
 
Na mesma sequência, as crises de Gota manifestam-se por uma intensa dor que é frequentemente acompanhada por febre e calafrios. 
 
Seguidamente, a dor torna-se progressivamente mais grave até alcançar um ponto em que o doente não consegue sequer tolerar o toque da roupa ou as vibrações criadas por uma outra pessoa que entre no quarto. 
 
Devido ao incómodo causado, a crise aguda acarreta consigo insónias, incapacidade de encontrar uma posição confortável e pelo desenvolvimento de sinais semelhantes aos de uma infecção aguda, tais como tumefação, pele brilhante e avermelhada ou arroxeada.  
 
Ao mesmo tempo também se verificam sinais sistémicos de doença, tais como a frequência cardíaca rápida, mal-estar e um número elevado de leucócitos que se detectam em análises laboratoriais. 
 
Caracterização das crises: 
 
Desde as crises mais leves, passando pelas agudas e progressivamente mais graves, a Gota pode conhecer diferentes apresentações sendo que, as crises leves costumam desaparecer depois de um ou dois dias. 
 
No caso das crises mais graves, estas evoluem rapidamente para uma dor crescente em apenas algumas horas e podem permanecer nesse nível por um a três dias, antes de ceder lentamente durante uma semana ou mais. 
 
É de anotar que, o desaparecimento completo dos sintomas pode levar várias semanas, amenos que os sintomas não sejam controlados e que se possam agravar. 
 
Progressão da doença: 
 
Em situações não controladas da doença, é comum que ocorram agressões nas articulações cujas consequências são devastadoras, uma vez que, podem ocorrer focos inflamatórios conhecidos como tofos. 
 
O seu aparecimento ocorre após alguns anos de doença, formando-se deformidades pelo acumular de cristais de urato em nódulos pequenos, moles, subcutâneos, nos cotovelos, dedos ou dorso das mãos, nos pés ou em qualquer outra articulação. Também nos tendões, na cartilagem do pavilhão auricular, na membrana sinovial e no osso subcondal. 
 
Ao mesmo tempo, os doentes com Gota ou com excesso de ácido úrico, podem evoluir para um quadro de insuficiência renal, uma vez que, é através dos rins que ocorre a eliminação do ácido úrico. Os problemas decorrem da maior possibilidade de formação de cálculos de urato, prejudicando o seu funcionamento. 
 
Tratamento: 
 
Como já se percebeu, a Gota é um resultado da acumulação de ácido úrico, nesse sentido, o seu tratamento requer a eliminação do mesmo como forma de libertação das áreas onde o líquido se acumulou. 
 
Assim, o tratamento visa eliminar as crises agudas e a correcção da hiperuricémia subjacente, sendo indicado que também seja direccionado para a reversão de quaisquer complicações que se tenham desenvolvido, levando em consideração quaisquer processos patológicos coexistentes. 
 
Logicamente que a sua prescrição deve sempre ser feita pelo médico que é quem melhor pode avaliar o problema e determinar a melhor solução a adoptar, já que, para além da terapêutica, na maioria dos casos é necessário ter em conta algumas medidas preventivas. 
 
Um ponto muito importante é evitar os factores que propiciam a formação de ácido úrico suprimido, sendo de anotar a necessidade de evitar a ingestão de determinados alimentos ricos em purina, combater a obesidade e a vida sedentária, e praticar a restrição alcoólica. 
 
Além disso, um aumento da ingestão de líquidos para optimizar a taxa de fluxo urinário e uma alcalinização da urina podem também ser benéficos no combate ao problema. 
 
É de ter em conta que, a prescrição deve ser feita pelo médico atendendo sobretudo ao facto de que, muitos dos medicamentos indicados para a Gota podem ter efeitos secundários que devem ser ponderados pelo clínico. 
 
Nota: Entenda este artigo como meramente informativo e um ponto de partida para procurar ajuda aquando necessário.
 
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