Nos seres vivos, o envelhecimento consiste no processo de desgaste do corpo, após a chegada da idade adulta. Estudos recentes, afirmam que este processo começa a ser mais evidente a partir dos 24 anos de idade.
Efectivamente, e de uma forma sucinta, o envelhecimento tem que ser encarado como um todo, sendo que as células somáticas vão morrendo uma após a outra, não havendo uma substituição por células novas, como acontece na juventude.
Sabendo que, para ocorrer a substituição, as células somáticas se dividem para criarem cópias que vão ocupar o lugar deixado vago pelas que morrem, após as múltiplas divisões celulares que ocorrem no tempo, o telómero (extensão do ADN que serve para a sua protecção ) vai diminuindo até que chega a um limite crítico de comprimento.
A partir do ponto em que a célula deixa de se poder dividir envelhece e morre com a consequente diminuição do número de células do organismo, das funções dos tecidos, orgãos, do próprio organismo e o aparecimento das chamadas doenças da velhice.
A enzima Telomerase, é a responsável pela manutenção dos telómeros. As células não produzem o gene da telomerase, pelo que estas se regeneram, mas o restante processo não as acompanha.
Muito embora, as revistas científicas já assumam ser possível activar a telómeras e criar células saudáveis imortais, a realidade a que assistimos está muito distante dessa aplicação.
O envelhecimento e as perdas funcionais:
Para além do envelhecimento do organismo que se reveste pela diminuição da reserva funcional, a redução da resistência às agressões e o aumento do risco de morte, acrescenta o processo.
Assim, para além da diminuição progressiva na eficiência das funções orgânicas; causas biológicas, a imposição de um novo papel social, pode acelerar ou diminuir a progressão e a qualidade do mesmo: causas sócio-culturais.
O envelhecimento quer-se bem sucedido e, para que tal ocorra, é preciso que alguns mecanismos funcionem em articulação.
A aceitação da velhice e a criação de novas formas de estar e de viver, pode fazer uma grande diferença neste processo.
Os valores pessoais, sociais e culturais, assumem um papel determinante para que o envelhecimento se processe com naturalidade.
Ao mesmo tempo, o grupo de pertença e o conjunto de referências do indivíduo pode colocá-lo num estado de sofrimento, isolamento e depressão, já que se sente marginalizado pela idade, pelo grupo, pela perda de alternativas e de motivações para prosseguir o seu caminho.
A vida psíquica saudável constitui um ponto determinante para que o envelhecimento se processe com dignidade, muito embora as doenças associadas à idade o possam comprometer.
A par dessa limitação, muitos sujeitos não aceitam o processo natural do organismo e não se adaptam a outras formas de vida mais próximas das suas capacidades.
Efeitos associados:
Curiosamente, o envelhecimento acarreta consigo um conjunto de contradições associadas a questões sociais.
Por um lado, a necessidade de esconder os sinais naturais do envelhecimento: o recurso a plásticas, a coloração do cabelo, os cremes anti-rugas, a necessidade de cobrir os sinais mínimos que possam denunciar a idade, entre outros.
Numa outra vertente, é curioso assumir que, quando somos jovens, tendemos em querer envelhecer como forma de procurar o respeito dos outros, a licença para conduzir, para beber álcool, para frequentar determinados locais que nos faz querer parecer mais velhos.
Ora, se desde que nascemos, entendemos o envelhecimento como algo de respeito e de estatuto, qual será a razão de não o encararmos assim mais tarde?
Esta é uma questão que, cada vez mais se impõe nas sociedades modernas em que a esperança média de vida tem vindo a aumentar e, consequentemente, se torna essencial repensar na forma como lidamos com o processo de velhice.
Seguramente que, a aceitação é sempre o primeiro passo para a mudança das atitudes.
Senescência:
Em biologia, “senescência” é o processo natural de envelhecimento associado a patologias.
Assim, senescência celular” é o fenómeno em que as células isoladas demonstram uma habilidade limitada de se dividirem num meio de cultura, bem como as alterações bioquímicas – elucidadas ou não – associadas a esta limitação.
A“Senescência orgânica” é o envelhecimento do organismo como um todo e em que deixa de dar resposta ás suas funções.
Por outro lado, é interessante referir que, em organismos saudáveis, ocorre uma reserva funcional que consiste na acumulação da produção do organismo que, ao não se desgastar precocemente, acumula para fases posteriores e reduz os efeitos do envelhecimento, permitindo que, este seja mais progressivo e lento.
Esta é uma das razões pelas quais, existem pessoas com mais resistências do que outras com o passar da idade e que contemplemos centenários que disfarçam a sua idade.
A morte é, então a consequência final do envelhecimento.