Diabetes

Em primeiro lugar, importa saber que, devidamente tratada e controlada a diabetes não impede o doente de ter uma vida perfeitamente normal e autónoma.

 
Contudo, é fundamental que o diabético se ajude a si mesmo, auto-controlando a sua doença. Aliás, se o doente for determinado neste papel de auto-vigilância, a sua vida ficará muito facilitada. 
 
A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e quando esta aumenta diz-se que o doente está com hiperglicemia. 
 
Situações de risco: 
 
A diabetes é uma doença em crescimento, que atinge cada vez mais pessoas em todo o mundo e em idades mais jovens. No entanto, há grupos de risco com fortes probabilidades de se tornarem diabéticos: 
 
Pessoas com familiares directos com diabetes; 
Homens e mulheres obesos; 
Homens e mulheres com tensão arterial alta ou níveis elevados de colesterol no sangue; 
Mulheres que contraíram a diabetes gestacional na gravidez; 
Crianças com peso igual ou superior a quatro quilogramas à nascença; 
Doentes com problemas no pâncreas ou com doenças endócrinas. 
 
Sintomas: 
 
Nos adultos - A diabetes é, geralmente, do tipo 2 e manifesta-se através dos seguintes sintomas: 
Urinar em grande quantidade e muitas mais vezes, especialmente durante a noite (poliúria); 
Sede constante e intensa (polidipsia); 
Fome constante e difícil de saciar (polifagia); 
Fadiga; 
Comichão (prurido) no corpo, designadamente nos órgãos genitais; 
Visão turva. 
Nas crianças e jovens - A diabetes é quase sempre do tipo 1 e aparece de maneira súbita, sendo os sintomas muito nítidos. Entre eles encontram-se: 
Urinar muito, podendo voltar a urinar na cama; 
Ter muita sede; 
Emagrecer rapidamente; 
Grande fadiga, associada a dores musculares intensas; 
Comer muito sem nada aproveitar; 
Dores de cabeça, náuseas e vómitos. 
É importante ter presente que os sintomas da diabetes nas crianças e nos jovens são muito nítidos. Nos adultos, a diabetes não se manifesta tão claramente, sobretudo no início, motivo pelo qual pode passar despercebida durante alguns anos. 
Os sintomas surgem com maior intensidade quando a glicemia está muito elevada. E, nestes casos, podem já existir complicações (na visão, por exemplo) quando se detecta a doença. 
 
O diagnóstico: 
 
Se sentir alguns ou vários dos sintomas deve consultar o médico do centro de saúde da sua área de residência, o qual lhe pedirá para realizar análises ao sangue e à urina. 
 
Tipos de Diabetes: 
 
Diabetes Tipo 2 (Diabetes Não Insulino-Dependente) - É a mais frequente (90 por cento dos casos). 
O pâncreas produz insulina, mas as células do organismo oferecem resistência à acção da insulina. O pâncreas vê-se, assim, obrigado a trabalhar cada vez mais, até que a insulina produzida se torna insuficiente e o organismo tem cada vez mais dificuldade em absorver o açúcar proveniente dos alimentos. 
 
Este tipo de diabetes aparece normalmente na idade adulta e o seu tratamento, na maioria dos casos, consiste na adopção duma dieta alimentar, de forma a normalizar os níveis de açúcar no sangue. Recomenda-se também a actividade física regular. 
 
Caso não consiga controlar a diabetes através de dieta e actividade física regular, o doente deve recorrer a medicação específica e, em certos casos, ao uso da insulina. Neste caso deve consultar sempre o seu médico. 
 
Diabetes Tipo 1 (Diabetes Insulino-Dependente) - É mais rara. 
O pâncreas produz insulina em quantidade insuficiente ou em qualidade deficiente ou ambas as situações. Como resultado, as células do organismo não conseguem absorver, do sangue, o açúcar necessário, ainda que o seu nível se mantenha elevado e seja expelido para a urina. 
Contrariamente à diabetes tipo 2, a diabetes tipo 1 aparece com maior frequência nas crianças e nos jovens, podendo também aparecer em adultos e até em idosos. 
 
Não está directamente relacionada, como no caso da diabetes tipo 2, com hábitos de vida ou de alimentação errados, mas sim com a manifesta falta de insulina. Os doentes necessitam de uma terapêutica com insulina para toda a vida, porque o pâncreas deixa de a produzir, devendo ser acompanhados em permanência pelo médico e outros profissionais de saúde. 
 
Diabetes Gestacional - Surge durante a gravidez e desaparece, habitualmente, quando concluído o período de gestação. No entanto, é fundamental que as grávidas diabéticas tomem medidas de precaução para evitar que a diabetes do tipo 2 se instale mais tarde no seu organismo. 
 
A diabetes gestacional requer muita atenção, sendo fundamental que, depois de detectada a hiperglicemia, seja corrigida com a adopção duma dieta apropriada. Quando esta não é suficiente, há que recorrer, com a ajuda do médico, ao uso da insulina, para que a gravidez decorra sem problemas para a mãe e para o bebé. 
Uma em cada 20 grávidas pode sofrer desta forma de diabetes. 
 
Outras complicações associadas à diabetes: 
 
Retinopatia - lesão da retina; 
Nefropatia - lesão renal; 
Neuropatia - lesão nos nervos do organismo; 
Macroangiopatia - doença coronária, cerebral e dos membros inferiores; 
Hipertensão arterial; 
Hipoglicemia - baixa do açúcar no sangue; 
Hiperglicemia - nível elevado de açúcar no sangue; 
Lípidos no sangue - gorduras no sangue; 
Pé diabético - arteriopatia, neuropatia; 
Doenças cardiovasculares - angina de peito, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais; 
Obstrução arterial periférica - perturbação da circulação, por exemplo nas pernas e nos pés; 
Disfunção e impotência sexual - a primeira manifesta-se de diferentes formas em ambos os sexos; 
Infecções diversas e persistentes - boca e gengivas, infecções urinárias, infecções das cicatrizes depois das cirurgias. 
 
Tratamento: 
 
Diabetes tipo 1 – Os doentes podem ter uma vida saudável, plena e sem grandes limitações, bastando que façam o tratamento prescrito pelo médico correctamente. 
O objectivo do tratamento é manter o açúcar (glicose) no sangue o mais próximo possível dos valores considerados normais (bom controlo da diabetes) para que se sintam bem e sem nenhum sintoma da doença. 
 
Serve ainda para prevenir o desenvolvimento das manifestações tardias da doença e ainda para diminuir o risco das descompensações agudas, nomeadamente da hiperglicemia e da cetoacidose (acidez do sangue). 
 
Este tratamento, que deve ser acompanhado obrigatoriamente pelo médico de família, engloba três vertentes fundamentais: adopção de uma dieta alimentar adequada, prática regular de exercício físico e o uso da insulina. 
 
Diabetes tipo 2 - O tratamento é semelhante mas, devido à menor perigosidade da doença, a maioria das vezes basta que a alimentação seja adequada e que o exercício físico passe a fazer parte da rotina diária para que, com a ajuda de outros medicamentos específicos (que não a insulina), a diabetes consiga ser perfeitamente controlada pelo doente e pelo médico. 
 
Os medicamentos usados no tratamento deste tipo de diabetes são geralmente fármacos (comprimidos) que actuam no pâncreas, estimulando a produção de insulina. 
 
Seguindo uma alimentação correcta e adequada, praticando exercício físico diário e respeitando a toma dos comprimidos indicada pelo médico, um doente com diabetes tipo 2 garante a diminuição do risco de tromboses e ataques cardíacos; a prevenção de doenças nos olhos e nos rins e da má circulação nas pernas e nos pés, factor que diminui significativamente o risco de amputações futuras. 
 
A insulina: 
 
A insulina é uma hormonal hipoglicemiante segregada pelas células beta dos ilhéus de Langerhans do pâncreas, que é usada no tratamento dos doentes diabéticos. Pode ser obtida a partir do pâncreas do porco ou feita quimicamente e de forma idêntica à insulina humana através do uso de tecnologia do DNA recombinante ou da modificação química da insulina do porco.