Ao longo das últimas semanas as grutas do concelho de Vila do Bispo foram alvo de uma campanha de prospeção espeleoarqueológica promovida no âmbito de três diferentes projetos que dividiram esforços no sentido de melhor alcançar objetivos comuns.
Esta iniciativa, que cruza Arqueologia, Espeleologia, Geologia, Geografia, terrestres e subaquáticas, foi acolhida e apoiada pelo município de Vila do Bispo que, para o efeito, disponibilizou o seu Núcleo de Investigação Arqueológica de Vila do Bispo, um novo espaço de acolhimento à investigação, sediado em Budens, que reabilitou as antigas instalações do antigo Jardim de infância daquela localidade.
Conforme avança a autarquia em nota de imprensa, os resultados dos trabalhos de campo e de mar desta primeira campanha partilhada foram bastante positivos e confirmaram as potencialidades espeleológicas e arqueológicas das grutas da costa sul do Concelho de Vila do Bispo, encontrando-se previstas intervenções multidisciplinares, sistematizadas e potenciadas pelo interesse e apoio do Município.
Assumindo a qualidade de entidade acolhedora, o projeto municipal Carta Arqueológica do Concelho de Vila do Bispo, sob a responsabilidade técnica e científica do arqueólogo da casa, Ricardo Soares, recebeu mais dois projetos que pretendem identificar e explorar grutas com vestígios de presença humana, desde o Paleolítico até épocas bem mais recentes, a saber o projeto PaleoCoast - Adaptações humanas costeiras durante o Paleolítico no sudoeste Peninsular, coordenado pelo Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve e pelo CIMA - Centro de Investigação Marinha e Ambiental da mesma Universidade.
A equipa do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve é constituída por Nuno Bicho, João Marreiros, coordenador da área da Arqueologia, e Frederico Tatá Regala; Duarte Duarte, coordenador da área da hidrodinâmica, geologia e das operações de mergulho científico, bem como Tiago Dores e João Santos.
Aos investigadores da UAlg junta-se ainda Ricardo Soares, arqueólogo da Câmara Municipal da Vila do Bispo. O projeto conta também com os seguintes consórcios: Câmara Municipal de Vila do Bispo; Associação de Arqueologia do Algarve; Arqueofactory; Cátedra UNESCO UAlg em Ecohidrologia: Água para os ecossistemas e sociedades; Federação Portuguesa de Atividades Subaquáticas e Confederação Mundial de Atividades Subaquáticas.
Ainda o ProPEA - Projeto Património Espeleológico do Algarve, coordenado pelo espeleólogo e arqueólogo Francisco Tátá Regala, doutorando da Universidade do Algarve, técnico da Direção Regional de Cultura do Algarve e membro da AESDA - Associação de Estudos Subterrâneos e Defesa do Ambiente.
De referir que o Projeto Carta Arqueológica de Vila do Bispo, particularmente na sua vertente espeleológica, tem contado com a colaboração de Rui Francisco (Loia), espeleólogo da Federação Portuguesa de Espeleologia com vasta experiência em trabalhos multidisciplinares, designadamente em contextos da Serra da Arrábida, nos projetos Carta Arqueológica de Sesimbra (2006-2009) e Carta Arqueológica de Setúbal (2012-2015); e de Vítor Oliveira, geógrafo natural e residente em Lagos, cuja tese de mestrado em Geografia Física e Ordenamento do Território se intitula, justamente, "Levantamento Geopatrimónio do Concelho de Vila do Bispo" (2011).