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Até que ponto a felicidade está nas nossas mãos? – ciência explica

A psicologia positiva destaca duas perspetivas sobre como podemos experimentar a felicidade: a perspetiva hedonista e a perspetiva eudemoníaca.
A psicologia positiva destaca duas perspetivas sobre como podemos experimentar a felicidade: a perspetiva hedonista e a perspetiva eudemoníaca.  
Foto: Freepik
De acordo com alguns cientistas, a felicidade é um estado de bem-estar subjetivo que não se refere ao que nos acontece, mas à forma como interpretamos aquilo que vivemos.

Outros especialistas apontam que, a felicidade é um estado de bem-estar psicológico, que depende de como cada pessoa gere as circunstâncias da sua vida.
 
Para os investigadores que têm desenvolvido estudos sobre esta matéria, a felicidade constitui-se  por dois elementos distintos: o afetivo (estados emocionais positivos e reações) e o cognitivo (pensamentos de satisfação com a nossa vida).
 
Apontam ainda os estudos que, 50% da nossa felicidade é altamente influenciada pelos genes, 40% por atividades realizadas intencionalmente por nós mesmos e 10% pelas circunstâncias da vida.
 
A psicologia positiva destaca duas perspetivas sobre como podemos experimentar a felicidade: a perspetiva hedonista e a perspetiva eudemoníaca.
 
A perspectiva hedonista remonta ao século IV a.C., quando Aristipo de Cirene, um filósofo grego discípulo de Sócrates, explicou que o objetivo final da vida deveria ser maximizar o prazer e minimizar a dor. Nas culturas ocidentais, a perspetiva hedônica é a forma mais comum de alcançar a felicidade. Uma pessoa com perspectiva hedonista acredita que a felicidade vem, por exemplo, do prazer de fazer uma viagem, assistir a uma comédia, fazer uma boa refeição ou comprar algo.
 
É de recordar que, a perspetiva eudemónica que,  não é tão prevalente na cultura ocidental, remonta ao século IV a.C., quando Aristóteles a definiu pela primeira vez na sua Ética a Nicômaco. Para Aristóteles, é preciso viver a vida de acordo com as suas virtudes para alcançar a felicidade. Essa perspetiva é uma tentativa de procurar uma felicidade mais duradoura e significativa. Por exemplo, quem acredita nessa dimensão, pensa que a felicidade deriva do prazer impulsionado pelo crescimento pessoal.
 
Segundo a ciência, ambas as abordagens são necessárias para que se encontre a felicidade e o exemplo vivo disso é que, «as pessoas mais felizes, aplicam ambas as perspetivas», completam os entendidos.
 
Os resultados de muitos estudos levados a cabo sobre o assunto mostram que a felicidade tem pouco a ver com riqueza, fama ou trabalho árduo, sendo que, segundo a ciência, é a qualidade das nossas relações pessoais e sociais que nos torna mais felizes.
 
Pelo contrário, as pessoas que não mantêm laços saudáveis com os outros, que não constroem uma boa relação familiar, que se isolam e dão pouco, são menos felizes.
 
No entanto, os estudos ressalvam que, não é importante o número de amigos e de pessoas que temos à nossa volta, «mas sim a qualidade das relações que conseguimos estabelecer com essas mesmas pessoas, sem esquecer a nossa disponibilidade para criar laços e relacionamentos satisfatórios e positivos».
 
Laurie Santos aponta que tendemos a pensar que a felicidade resulta do facto de conseguirmos alcançar um objetivo ou de atingirmos uma posição elevada na sociedade ou na empresa em que trabalhamos, quando na realidade, somos mais felizes quando simplesmente valorizamos o que temos e o que somos.
 
Para Laurie, é essencial começarmos a pensar que, ser feliz não é estar sempre a sorrir, mostrar sempre alegria e exibir ações positivas porque, todos precisamos de momentos de apatia, de tristeza e de menor grau de satisfação, emoções que fazem também parte da vida e que precisamos de aceitar e interpretar.
 
Para a investigadora Lyubomirsky, a felicidade exige trabalho, como qualquer outro objetivo importante de vida, empenho, dedicação e esforço.
 
É um facto que, perdemos muitos momentos de felicidade porque acreditamos que a mesma não se encontra no presente e que é algo que teremos de alcançar “um dia”, como se de um objetivo longínquo se tratasse. Na verdade, a felicidade é uma construção diária e que se desfruta em vários momentos do nosso dia, é preciso é que estejamos despertos para aproveitar essas boas emoções, esse estado psicológico satisfatório, que o aceitemos e sintamos verdadeiramente, explicam os entendidos nesta matéria.
 
A felicidade não é um objetivo que se vai alcançar dentro de anos ou quando chegarmos a uma determinada idade, mas sim um estado mental que nos dá prazer no presente e que queremos que se prolongue pela vida fora. Para isso, temos de mudar a nossa forma de pensar e começar a aproveitar mais e melhor o que temos, o que somos, o que conquistamos, o prazer de estar com outra pessoa, de ler um livro, de ouvir uma música, de apreciar uma paisagem e daí por diante. Não nos podemos esquecer do imenso prazer que é estarmos connosco próprios e com aqueles que amamos, reforçam os especialistas.
 
Fátima Fernandes