O debate público sobre o projeto para o Cais Comercial de Faro, promovido pelo grupo "Faro à Conversa", que ocorreu esta semana na Biblioteca Municipal de Faro, veio demonstrar as fragilidades e as contradições das propostas apresentadas nos últimos tempos para a zona ribeirinha nascente da cidade, segundo a Associação Almargem.
Relativamente ao Porto de Recreio, a Almargem diz que "ficou claro que o projeto com localização frente à atual Doca, aprovado pelo Ministério do Ambiente em finais de 2016, tem todas as condições para vir a ser implementado, pelo que a proposta de construção de uma Marina no Cais Comercial perde todo o seu sentido".
A Associação Almargem defende a instalação de um Porto de Recreio no Cais Comercial, tendo em conta o menor impacto ambiental sobre os ecossistemas lagunares, em função da degradação da zona provocada pelas dragagens aí efetuadas ao longo dos anos.
Nesse sentido, apela à Câmara Municipal e outras entidades com responsabilidade na matéria, que clarifiquem a situação e promovam o cancelamento do projeto previsto para sul da Doca, dado que para a Almargem "o avanço de ambos os projetos configuraria uma situação insustentável para o equilíbrio ambiental desta zona da Ria Formosa".
Outro aspeto que a mesma associação de defesa do ambiente considera essencial é a ligação entre o projeto para o Cais Comercial e o plano de reabilitação do Bom João, defendendo um plano de pormenor que defina tudo o que se pretende fazer na zona das Salinas Neves Pires, Horta da Areia, Bom João e Cais Comercial. Deste modo, a componente imobiliária prevista no atual projeto do Cais Comercial, contra a qual a Associação Almargem se posiciona, poderia ser transferida para o Bom João.
De forma resumida, o que a Almargem defende para a zona ribeirinha a nascente de Faro é a recuperação de todo o património cultural e natural deste espaço, sem barreiras à Ria Formosa, incluindo a reabilitação das Salinas Neves Pires, dos moinhos de maré ainda existentes, dos esteiros, fundeadouros e outros locais de uso ancestral; instalação de um único Porto de Recreio em Faro no atual aterro do Cais Comercial; manutenção da possibilidade de atracagem no Cais de navios de mercadorias e passageiros; transformação da antiga zona industrial do Bom João num pólo urbano inovador, privilegiando os espaços verdes, os equipamentos de uma economia circular sustentável e modelos arquitetónicos vanguardistas; criação no Cais Comercial de um pólo universitário vocacionado para os temas do oceano e dos ecossistemas costeiros, incluindo laboratórios, aquário público, centro de congressos, centro empresarial, zonas de lazer e também alguns alojamentos unicamente dedicados a acolher pessoas diretamente implicadas nestas atividades.