Sociedade

As pessoas tristes são as mais egoístas!

 
À primeira vista a expressão pode parecer tão contraditória quanto exagerada, mas na prática, existe uma explicação.

 
Tendo por base o conjunto de estudos que resumem a investigação levada a cabo sobre a matéria, “são muitos os aspetos que caraterizam as pessoas negativas e tristes, um deles é o egoísmo.
 
Se por um lado existe alguma compaixão para com uma pessoa negativa e que normalmente se apresenta triste, por outro, o grupo de convivência acaba por reclamar o excesso de atenção exigido por essas pessoas que, facilmente captam a sensibilidade alheia com o seu estado de alma.
 
Quer isto dizer que, uma pessoa triste e tendencialmente negativa, acaba por se tornar o centro das atenções em virtude das suas queixas e lamentações, bem como pela necessidade constante de falar de si e dos seus problemas.
 
Este tipo de pessoas não dá espaço para que os outros se expressem, para que apresentem alternativas ou conhecimentos que possam funcionar como uma solução aos problemas que descrevem, o que reforça a tese de egoísmo defendida pela ciência.
 
As pessoas tristes são muito fechadas nos seus problemas e dão pouca abertura a opiniões ou alternativas.
 
Na realidade, “a alegria e a tristeza são os dois lados de uma mesma moeda, dois lados que todas as pessoas experimentam em algum momento das suas vidas, no entanto, há quem permaneça nesse estado de tristeza, e quem desfrute da vida nos restantes momentos.”
 
Há muitos anos que a psicologia se tem focado nas pessoas que são tristes por natureza, que apenas olham para o lado negativo das situações, que se mostram incapazes de dar um ar da sua graça sem colocar um rosto sisudo segundos depois.
 
A tristeza sem motivo aparente é o aspeto mais comum entre as pessoas tristes, já que, sem se saber ao certo se é uma questão genética, ou cultural, quem é negativo acaba não só por contagiar os outros à sua volta, como também exigir-lhe atenção redobrada.
 
As pessoas tristes são um reflexo de apatia, egoísmo e frustração, lê-se no El País que também dá conta da existência “de pessoas que veem na própria infelicidade um refúgio eterno, olhando para este aspeto como uma consequência direta da visão distorcida que têm da vida e das próprias capacidades.”
 
Também há quem alimente esse estado de tristeza por saber que terá a atenção dos outros (seguramente vai mudar muitas vezes de grupos e conhecer infinitas amizades) e por se habituar a essa forma de estar na vida que lhe dá conforto enquanto passa de dissabor em dissabor.
 
Ramón Oria de Rueda, psicoterapeuta espanhol, diz que se trata de pessoas que “tendem a fazer uma atribuição interna de incapacidade e uma atribuição externa de má sorte”, o que faz com que se sintam culpados por cada falha. Além disso, são pessoas que fazem das queixas o centro das suas vidas.
 
A nível biológico, diz o italiano Antonio Semerari, “as pessoas tristes por natureza apresentam um deficit nas habilidades meta-cognitivas, o que faz com que sejam incapazes de refletir sobre os seus próprios estados emocionais e, por consequência, sobre as suas próprias emoções.”
 
As pessoas infelizes e tristes são ainda aquelas que não conseguem olhar mais além, que não conseguem sair da zona de conforto e procurar uma alternativa ao estado em que se encontram, muitas vezes por culpa do egoísmo, que é a “base das suas personalidades”, como indica o psicólogo italiano.
 
A ciência afirma então que, “as pessoas negativas são egoístas, falam dos seus problemas, das suas dificuldades, de si próprias e da falta de sorte”, o que faz com que se sintam ainda mais sós e mais tristes.
 
Naturalmente estas pessoas acabam por andar sempre à procura de quem as ouça, de quem as compreenda e de “amigos” que sejam capazes de assistir à sua tristeza.
 
Fátima Fernandes