Alergias

 
Com a chegada da Primavera, aumentam os casos de alergias que, em muitos casos, estariam condicionadas desde o Outono. Para melhorar a qualidade de vida de quem apresenta algum tipo de alergia, é importante evitar o contacto com os agentes que as provocam.

 
Tipos de alergia:
 
As respiratórias, os ácaros domésticos são a principal causa de alergias do aparelho respiratório, sobretudo no Outono e Inverno. Os pólenes das árvores são outro alérgeno comum na Primavera.
 
A Asma pode surgir em qualquer idade, mas é mais frequente na infância. Na maioria dos casos, aparece antes dos 5 anos. Estima-se que existam um milhão de portugueses asmáticos e a maioria (75% a 80%) sofre também de rinite.
 
Diagnóstico:
 
É fundamental que o clínico conheça a história pessoal e familiar do paciente, sendo que, para realizar o diagnóstico, pode ser necessário recorrer a métodos complementares, sendo só mais comuns os exames laboratoriais, testes cutâneos e provas funcionais respiratórias.
 
Sintomas:
 
Como principais sintomas, os pacientes apresentam crises recorrentes de falta de ar e tosse que aparecem de forma repentina, após constipações, exercício ou episódios de stress, e com intensidade variável.
 
Tratamento:
 
Uma vez que, não existe uma cura eficaz para as alergias, o objectivo é controlar a doença, o que implica que a medicação seja aplicada em termos preventivos. Para melhorar a qualidade de vida do paciente com alergia, usam-se broncodilatadores que melhoram o fluxo de ar nas vias respiratórias, e anti-inflamatórios, para reduzir a inflamação.
 
Em muitos casos, é prescrita uma vacina anual que reduz significativamente muitos dos sintomas, mas que não se aplica a todos os casos, pelo que deve ser objecto de estudo por parte do médico especialista.
 
Prevenção:
 
Evitar o contacto com ácaros, mantendo a casa isenta de pó, e consultar os níveis de pólen no País para evitar um contacto mais intenso.
 
Rinite, sinusite e conjuntivite alérgica:
 
A rinite é a alergia mais frequente. Afecta 2,5 milhões de portugueses, e mais de um terço tem também asma. É comum em crianças e pouco diagnosticada. 'Quando se negligenciam as queixas, deixa-se uma porta aberta para o pulmão, o que pode desencadear ou piorar a asma', alerta Morais de Almeida. Está associada à sinusite e à conjuntivite alérgica.
 
Sintomas: 
 
Na rinite, os sinais mais comuns são: obstrução nasal, comichão, espirros e pingos no nariz, perturbações do sono e fadiga. Na sinusite, há uma inflamação da mucosa nasal, que condiciona a drenagem do muco. Na conjuntivite, os olhos ficam vermelhos, lacrimejantes, inchados e dão comichão. É desencadeada por ácaros, pêlos de animais e pólenes. Está associada à rinite sazonal, pelo que os sintomas se confundem.
 
Diagnóstico:
 
Aplica-se à rinite e sinusite a análise dos sintomas, através do exame do interior do nariz, procurando alterações típicas, como uma mucosa pálida. Podem fazer-se testes cutâneos e análises ao sangue para verificar o nível de anticorpos específicos, e que também se realizam em caso de conjuntivite.
 
Tratamento:
 
Quando a rinite e a sinusite são intermitentes, pode ser suficiente recorrer a um anti-histamínico, que alivia os sintomas. Formas persistentes tratam-se com corticóides nasais, anti--histamínicos orais ou nasais. As vacinas reduzem a reactividade dos brônquios. É importante ter em conta que, nas rinites sazonais, a vacina deve ser administrada antes da estação do pólen. A conjuntivite trata-se com anti-histamínicos orais e colírios. Evite lentes de contacto.
 
Alergias alimentares:
 
São cada vez mas comuns e podem levar à morte. A culpa é dos alimentos processados e dos aditivos a que o nosso corpo não teve tempo para se habituar.
 
Mais de um milhão de portugueses sofre de alergias alimentares: 8% são crianças e 3% adultos. Muitas vezes confunde-se com a intolerância alimentar, mas enquanto na primeira o corpo desenvolve anticorpos em reacção a determinados alimentos, na segunda, 'o que existe é uma deficiência do organismo que não tem determinadas enzimas essenciais para digerir substâncias, como lactose ou o glúten', explica Cristina Santa Marta.
 
Alguns dos alimentos mais susceptíveis de causar alergias são ovos, caju, amêndoas, amendoim, nozes, chocolate, castanha, quivi, sésamo e caril.
 
Sintomas: 
 
De um modo geral, os sintomas mais ligeiros podem limitar-se a erupções cutâneas, urticária (edema dos lábios e da garganta), falta de ar, náuseas e diarreia. Nos mais graves, pode haver uma reacção anafiláctica, em que a inflamação da garganta é tão grande que impede a respiração, o que pode causar desmaios e até levar à morte. Nem sempre é preciso ingerir os alimentos, nalguns casos a simples inalação é suficiente.
 
Diagnóstico:
 
Os testes sanguíneos detectam a presença de anticorpos e, por vezes, os cutâneos também podem ser úteis. Se bem que um resultado positivo nem sempre signifique que existe alergia, um negativo torna improvável a sensibilidade ao mesmo. As dietas de eliminação são outra forma de tentar identificar alérgenos. Implicam que se elimine todos os possíveis causadores da alergia, sendo depois reintroduzidos um de cada vez, até se identificar o responsável.
 
Tratamento:
 
Nas crises agudas, administram-se anti-histamínicos e corticóides. Existem ainda kits de adrenalina de emergência para combater choques anafilácticos. Além destes medicamentos, não há tratamentos específicos e a solução é evitar os alimentos causadores de possíveis alergias.
 
Alergias cutâneas:
 
Quer surjam na infância ou na idade adulta, causam muito transtorno, sobretudo quando não se consegue identificar as causas.
 
Eczema atópico:
 
Atinge 10% de portugueses e, apesar de ser muito frequente na infância, 'é cada vez mais uma doença de adultos', diz Mário Morais de Almeida. Geralmente, é provocada ou agravada por alérgenos, sobretudo ácaros, mas também pólen ou leite de vaca, ovo e frutos secos.
 
Sintomas: 
 
Nas crianças, manifesta-se como prurido, vermelhidão na face e pele seca nas dobras do corpo (joelhos, cotovelos), e nos adultos aparece como manchas vermelhas, que podem desaparecer ao fim de dias (agudas) ou durar anos (crónicas).
 
Diagnóstico:
 
As análises ao sangue detectam anticorpos específicos das alergias e os testes cutâneos e de contacto tentam identificá-los.
 
Prevenção:
 
Evite a acumulação do pó, use capas protectoras em colchões e almofadas, mantenha a pele hidratada, use roupa de algodão e evite a de fibras.
 
Eczema de contacto:
 
Neste caso, o eczema aparece claramente no seguimento do contacto com alérgenos e nas zonas do contacto. A maior parte são aos metais, como o níquel ou o crómio, e aos químicos das fragrâncias ou tintas. É mais frequente nos adultos.
 
Sintomas:
 
As reacções a estas substâncias não são muito diferentes do eczema atópico. A inflamação surge 48 a 72 horas depois, bem como o prurido, vermelhidão na zona em questão.
 
Diagnóstico:
 
A localização é o principal meio de diagnóstico. Depois, os testes de contacto permitem a confirmação.
 
Tratamento:
 
Em ambos os eczemas, o tratamento passa por evitar o contacto com aquilo que provoca a alergia. Se isso não lhe for possível, por exemplo, por causa da sua profissão, podem ser administrados anti-inflamatórios corticóides e, nalguns casos, antibióticos.
 
Urticária:
 
Cerca de 80% da população tem pelo menos um episódio de urticária na vida. As causas podem ser diversas: ácaros, pólen, alimentos, medicamentos, picadas de insectos, plantas ou até infecções e stress. 
 
'Também são cada vez mais comuns os casos de urticária física, que surgem depois de estímulos como o frio, o calor ou o exercício, e desaparecem a seguir', diz a alergologista Cristina Santa Marta. Pode ainda ser um sintoma que, como a febre, remete para a existência de outras doenças. 'As causas nem sempre se descobrem e, nesses casos, a cura é difícil.'
 
Sintomas:
 
Manchas avermelhadas e pápulas que causam comichão.
 
Tratamento:
 
Os anti-histamínicos aliviam o prurido e reduzem a inflamação. Os corticosteróides devem ser reservados para casos mais graves, já que quando usados por mais de um mês têm efeitos secundários. 
 
Em metade dos casos costuma desaparecer naturalmente em dois anos.
 
Prevenção:
 
O controlo do stress pode ajudar a reduzir a frequência e gravidade das crises.
 
Soluções alternativas:
 
As chamadas terapias não convencionais são especialmente eficazes em doenças crónicas e podem ser uma ajuda preciosa.
 
Acupunctura
 
'Já é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e não se questiona a sua eficácia na dor e nas alergias', garante o acupunctor Pedro Choy. 'O seu índice de cura é de 30 a 40% em adultos e de mais de 60% nas crianças, seja qual for o tipo de alergia. 
 
Não interessa se é respiratória, cutânea ou alimentar, porque a Medicina Tradicional Chinesa trata a causa, não os sintomas. E na maioria das vezes estas devem-se a alterações no rim. 
 
A tendência é genética, mesmo que só se manifeste aos 40 anos, e a poluição e o stress são factores agravantes, pois enfraquecem o sistema imunitário', explica. 
 
Conte com um tratamento a longo prazo (30 sessões ao longo de um ano e meio, geralmente em conjunto com a fitoterapia, que consiste na administração de plantas medicinais). Também se usam técnicas auxiliares, como a massagem tui, que pressiona com as mãos os pontos energéticos da acupunctura.
 
Homeopatia e naturopatia também são úteis na melhoria de sintomas alérgicos.
 
'Podemos receitar drenantes respiratórios e oligoelementos que ajudam a expelir toxinas, fortalecendo o terreno biológico', explica o homeopata e naturopata Luís de Jesus Silva. Mas, além disto, é sempre essencial melhorar a forma de se alimentar. 
 
Os malefícios de uma má alimentação podem aparecer anos mais tarde, muitas vezes sob a forma de doenças ou alergias de etiologia desconhecida ou auto-imunes', alerta. 
 
O presidente do Instituto de Macrobiótica de Portugal, Francisco Varatojo, também põe o enfoque na alimentação e garante já ter tratado os mais diversos tipos de alergias, de sinusites a urticárias. 
 
'Na maioria dos casos, uma mudança de alimentação é suficiente para acabar com a doença ou, pelo menos, reduzir drasticamente os sintomas. 
 
A redução dos lacticínios e, nalguns casos, o combate ao excesso de acidez das mucosas do organismo (causado por uma alimentação incorrecta) pode ser suficiente para a cura', explica.