Sociedade

“A Internet está a tornar-nos mais estúpidos?”

 
Esta foi a questão que deu o mote para uma conferência do comediante e ator britânico David Schneider no Web Summit.

 
No seu discurso teceu considerações sobre o efeito das redes sociais no comportamento dos internautas e mostrou-se preocupado com a dependência face às tecnologias.
 
David Schneider, ator e comediante, transportou o seu estilo acutilante para uma conferência que tinha precisamente o objetivo de levar os participantes no Web Summit a refletir sobre o efeito das redes sociais na forma de pensar. “A Internet está a tornar-nos mais estúpidos?” foi a questão que deu início ao momento.
 
Perante a pergunta, muitos dos intervenientes estariam inclinados a dar uma resposta direta: um ‘sim’ claro sem margem para dúvidas. Schneider concede, admitindo que o tipo de interações e publicações superficiais entre os utilizadores torna justo pensar dessa forma. 
 
Para Schneider, é admirável que se consiga chegar a comunidades diferentes com um simples hashtag, debicando conhecimento com facilidade ainda que apenas superficialmente.
 
E se nos torna mesmo mais estúpidos? Pelo menos “permite-nos ser mais divertidos”, admite o ator.
 
O comediante discorre sobre o facto de não ser possível aprofundar questões de relevo ou discutir a fundo obras de literatura nas redes sociais, no entanto, as mesmas ligações polarizam opiniões e agrupam os internautas de acordo com os seus pontos de vista.
 
Admitindo que, “As pessoas estão cansadas de especialistas, o ator acredita que o sucesso destas ligações é que, “todos nos tornamos especialistas nas redes sociais. Os algoritmos agruparam-nos de acordo com os nossos interessantes em polos diferentes”, notou Schneider.
 
Apesar disso, nem tudo é mau. “A internet dá acesso a comunidades e a histórias muito humanas”, afirmou o anfitrião da conferência, passando a ‘rechear’ a sua afirmação com um conjunto de publicações no Twitter que fizeram rir (a bom rir) a audiência. Schneider confessou que esteve particularmente atento à ‘jornada’ de um homem numa casa de banho sem papel higiénico, com publicações que atualizaram os seus seguidores para os desenvolvimentos que se seguiram. “Senti-me bem e próximo desta pessoa que conseguiu papel para a casa de banho”, confessou.
 
Apesar do tom bem-disposto de Schneider, o orador não conseguiu deixar de transparecer alguma preocupação com a obsessão da sociedade atual com as redes sociais e com os smartphones. Seja a passear, na casa-de-banho (aqui toda a audiência levantou a mão para se juntar à ‘dor’ de Schneider) ou até a dormir, não há como deixar para trás o dispositivo móvel. “Até durmo a fazer conchinha com o meu telemóvel”, admitiu, meio envergonhado.
 
Entre ‘a tal estupidez’ e o prazer, cada utilizador tem de encontrar o seu motivo para estar ligado à rede e a melhor forma de conseguir se abstrair dela ao longo do dia, ressalva o comediante.
 
Fátima Fernandes